Rastreamentos em Atenção Primária

Saúde do Adulto

Prevenção e detecção precoce de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e complicações cardiovasculares. Protocolos baseados em evidências grau A do Ministério da Saúde e sociedades médicas brasileiras.

9

Protocolos

8

Condições

2025

Atualizado

Q1

Padrão

Cardiometabólicas
ISTs
Hepatites

Hipertensão Arterial Sistêmica

nov. de 2025

Cerca de 24% dos brasileiros adultos são hipertensos. A HAS frequentemente é assintomática e causa danos orgânicos se não tratada.

Dados Epidemiológicos

Mortalidade
Principal causa de AVC e doença cardiovascular
Prevalência/Situação
~24% dos adultos brasileiros

Fontes Epidemiológicas

Comparação: Hipertensão Arterial Sistêmica

Convergência Total

Sistema Único de Saúde

Protocolo Ministério da Saúde

População-alvo
Todos os adultos a partir de 18 anos
Método
Medida da pressão arterial com esfigmomanômetro calibrado
Periodicidade
Anual (ou em todas as consultas de rotina)
Cobertura Atual
>80% dos adultos mediram PA pelo menos 1x no último ano
Justificativa Técnica
Tratamento precoce da hipertensão reduz mortalidade cardiovascular e AVC. Evidência grau A de benefício.

Sociedades Médicas

SBCSBH
População-alvo
Todos adultos ≥18 anos
Método
Aferição de PA em todas consultas
Periodicidade
Toda consulta médica/enfermagem
Recomendação Detalhada
Consenso total: rastrear PA é pilar da atenção primária. Medir em diferentes dias antes de diagnóstico.
Análise de Convergência

Consenso absoluto entre MS e sociedades. Não há divergência - evidência robusta e alto impacto.

Rastreamento de Diabetes Mellitus Tipo 2

dez. de 2025

Cerca de 7-10% da população adulta brasileira tem diabetes tipo 2 – e aproximadamente metade não sabe. O DM2 é a principal causa de cegueira adquirida, insuficiência renal terminal, amputações não traumáticas e importante fator de risco cardiovascular.

Dados Epidemiológicos

Incidência
Crescimento epidêmico associado à epidemia de obesidade e sedentarismo
Mortalidade
DM2 é responsável por importante morbimortalidade cardiovascular, renal e por complicações microvasculares
Prevalência/Situação
~7-10% da população adulta brasileira; ~50% dos casos não diagnosticados

Fontes Epidemiológicas

Comparação: Rastreamento de Diabetes Mellitus Tipo 2

Convergência Total

Sistema Único de Saúde

Protocolo Ministério da Saúde

População-alvo
Adultos ≥35 anos (rastreamento universal); <35 anos com sobrepeso/obesidade (IMC≥25 kg/m²) + ≥1 fator de risco adicional
Método
Glicemia de jejum + HbA1c simultâneos (quando possível); TOTG-1h preferível ao TOTG-2h quando indicado
Periodicidade
Estratificada por risco: <3 fatores de risco (3 anos); ≥3 fatores de risco ou FINDRISC alto (anual); pré-diabetes confirmado (anual); teste anormal único (6 meses)
Cobertura Atual
Crescente com ampliação de testes rápidos nas UBS
Justificativa Técnica
Diretrizes SBD 2025 baseiam rastreamento em idade ≥35 anos universalmente. Jovens <35 anos necessitam rastreio apenas se apresentarem obesidade/sobrepeso associado a fatores de risco adicionais como: história familiar de DM2, doença cardiovascular, hipertensão, HDL<35 mg/dL, triglicerídeos>250 mg/dL, SOP, acantose nigricans, sedentarismo, diabetes gestacional prévio ou pré-diabetes prévio.

Sociedades Médicas

SBDSBEMSBC
População-alvo
Adultos ≥35 anos (universal); <35 anos com sobrepeso/obesidade + ≥1 fator de risco ou FINDRISC alto/muito alto
Método
Glicemia de jejum + HbA1c simultâneos (recomendado); TOTG-1h quando indicado (superior ao TOTG-2h em praticidade e valor preditivo)
Periodicidade
Individualizada: <3 fatores de risco com exames normais (3 anos); ≥3 fatores de risco com exames normais (1 ano); FINDRISC alto/muito alto (1 ano); pré-diabetes (1 ano); teste anormal isolado (6 meses)
Recomendação Detalhada
SBD estabelece critérios diagnósticos claros: Glicemia jejum ≥126 mg/dL ou HbA1c ≥6.5% ou TOTG-2h ≥200 mg/dL ou glicemia aleatória ≥200 mg/dL com sintomas. Pré-diabetes: glicemia jejum 100-125 mg/dL ou HbA1c 5.7-6.4% ou TOTG-2h 140-199 mg/dL.
Análise de Convergência

Alta convergência entre SUS e SBD após atualização das diretrizes 2024-2025. Ambos recomendam triagem universal ≥35 anos e rastreamento de jovens com obesidade/sobrepeso + fatores de risco. Periodicidade estratificada por risco está alinhada entre as recomendações.

Rastreamento de Dislipidemia em Adultos e Prevenção da Aterosclerose

dez. de 2025

Rastreamento de dislipidemias em adultos para prevenção de eventos cardiovasculares ateroscleróticos (IAM, AVC, insuficiência cardíaca). A Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose SBC 2025 trouxe mudanças paradigmáticas: estratificação de risco pelo escore PREVENT (substitui escore de risco global), 5 categorias de risco (baixo, intermediário, alto, muito alto, EXTREMO), metas terapêuticas mais agressivas com filosofia "quanto mais baixo, melhor", inclusão de novos biomarcadores (ApoB, Lp(a), não-HDL-c, hs-CRP), e terapia combinada precoce para alto/muito alto/extremo risco.

Dados Epidemiológicos

Mortalidade
Doença cardiovascular aterosclerótica é a principal causa de morte no Brasil (~300 mil óbitos/ano). Controle adequado de LDL-c conforme metas SBC 2025 pode reduzir risco de eventos cardiovasculares em até 50-85% (com terapia combinada agressiva em risco extremo)
Prevalência/Situação
Cerca de 40% dos adultos brasileiros têm hipercolesterolemia (CT≥200 mg/dL). HF afeta ~1% da população (massivamente subdiagnosticada). Dislipidemias contribuem para ~50% dos eventos cardiovasculares

Fontes Epidemiológicas

Comparação: Rastreamento de Dislipidemia em Adultos e Prevenção da Aterosclerose

Convergência Total

Sistema Único de Saúde

Protocolo Ministério da Saúde

População-alvo
Adultos ≥35 anos (rastreamento universal); <35 anos com fatores de risco cardiovascular (obesidade, hipertensão, diabetes, tabagismo, histórico familiar, doenças inflamatórias crônicas). Rastreamento em cascata para HF: testar familiares de 1º grau de casos-índice
Método
Perfil lipídico completo (CT, LDL-c, HDL-c, TG, não-HDL-c). SBC 2025: coleta SEM jejum obrigatório (exceto se TG>440 mg/dL, repetir em jejum para confirmação). TG normal: <150 mg/dL (jejum) ou <175 mg/dL (não jejum). Incluir ApoB (correlação forte com LDL-c, superior quando TG elevados) e Lp(a) ≥75 nmol/L ou ≥30 mg/dL (dosar pelo menos uma vez na vida, geneticamente determinado). Opcionalmente: hs-CRP, troponina, BNP, escore de cálcio coronário (CAC) para reclassificação de risco
Periodicidade
Conforme categoria de risco PREVENT: baixo (5 anos), intermediário (3 anos), alto/muito alto/extremo (anual ou mais frequente durante tratamento para ajuste terapêutico)
Cobertura Atual
Crescente com ampliação de programas de DCNT no SUS. Calculadora PREVENT disponível oficialmente via SBC/TribeMD
Justificativa Técnica
Dislipidemia é fator de risco modificável primordial para doença cardiovascular aterosclerótica. SBC 2025 adota escore PREVENT (desenvolvido pela AHA, oficialmente adotado pela SBC, SBEM, ABESO, SBH em 2025) para estratificação de risco cardiovascular 10 e 30 anos. PREVENT integra fatores metabólicos e renais (função renal obrigatória), exclui etnia, inclui opcionalmente HbA1c e UACR. Estratificação precisa permite tratamento personalizado com metas específicas por categoria de risco.

Sociedades Médicas

SBCSBDASBDSBEMABESOSBHSBC-DA
População-alvo
Adultos ≥35 anos (universal); <35 anos com ≥1 fator de risco. Atenção especial para dislipidemias primárias (HF heterozigótica/homozigótica, hipertrigliceridemia familiar, disbetalipoproteinemia)
Método
Perfil lipídico completo + ApoB + Lp(a). Estratificação de risco pelo escore PREVENT (substitui escore de risco global). Fatores agravantes para reclassificação: história familiar, doenças inflamatórias crônicas, CAC, biomarcadores (hs-CRP, troponina, BNP)
Periodicidade
Conforme estratificação de risco PREVENT. Monitoramento frequente em pacientes em terapia combinada para avaliar resposta e ajustar tratamento
Recomendação Detalhada
Diretriz SBC 2025 estabelece METAS TERAPÊUTICAS por categoria de risco PREVENT (filosofia "quanto mais baixo, melhor"): | RISCO BAIXO: LDL-c <115 mg/dL | não-HDL-c <145 mg/dL | ApoB <100 mg/dL | RISCO INTERMEDIÁRIO: LDL-c <100 mg/dL | não-HDL-c <130 mg/dL | ApoB <90 mg/dL | RISCO ALTO: LDL-c <70 mg/dL | não-HDL-c <100 mg/dL | ApoB <70 mg/dL | RISCO MUITO ALTO: LDL-c <50 mg/dL | não-HDL-c <80 mg/dL | ApoB <55 mg/dL | RISCO EXTREMO (NOVA categoria): LDL-c <40 mg/dL | não-HDL-c <70 mg/dL | ApoB <45 mg/dL. Risco extremo: múltiplos eventos CV ou 1 evento + ≥2 condições de alto risco. ABORDAGEM TERAPÊUTICA: Medidas não farmacológicas (padrão alimentar cardioprotetor, atividade física, cessação tabagismo, controle de peso) são fundamentais e contínuas. Farmacológica escalonada: Estatina alta potência ou Estatina + ezetimiba (inicial para alto/muito alto/extremo risco) → adicionar ezetimiba → anti-PCSK9 (evolocumab, alirocumab SC 2-4 semanas; ou inclisiran SC 6 meses) → ácido bempedoico. Tripla terapia (estatina + ezetimiba + anti-PCSK9) reduz LDL-c até 85%. Fibratos/ômega-3 reservados para hipertrigliceridemia específica.
Análise de Convergência

Alta convergência entre SUS e SBC após publicação da Diretriz 2025 e adoção oficial do escore PREVENT pelas principais sociedades médicas brasileiras. Alinhamento sobre: idade de rastreamento (≥35 anos universal), coleta sem jejum obrigatório, inclusão de ApoB e Lp(a) como biomarcadores diagnósticos e de estratificação, estratificação de risco pelo PREVENT. Diretriz 2025 inova ao incluir categoria de risco EXTREMO com metas terapêuticas mais agressivas (LDL-c <40 mg/dL), refletindo evidências robustas de que "quanto mais baixo, melhor" para redução de eventos cardiovasculares.

Rastreamento de Hepatite C (População Geral)

dez. de 2025

A hepatite C é responsável por 60-70% das hepatites crônicas no Brasil. Estima-se 700 mil pessoas com HCV crônico, a maioria desconhecendo o diagnóstico. O rastreamento universal ≥40 anos + grupos de risco visa identificar casos assintomáticos para tratamento curativo com antivirais de ação direta (DAAs), disponíveis no SUS desde 2015.

Dados Epidemiológicos

Incidência
Estimativa: 700.000 portadores de HCV crônico no Brasil (0,7% da população)
Mortalidade
~3.000 óbitos/ano por cirrose hepática e carcinoma hepatocelular (CHC) relacionados ao HCV
Prevalência/Situação
70-80% dos portadores desconhecem o diagnóstico (infecção assintomática até cirrose descompensada)

Fontes Epidemiológicas

Comparação: Rastreamento de Hepatite C (População Geral)

Convergência Total

Sistema Único de Saúde

Protocolo Ministério da Saúde

População-alvo
Todas pessoas ≥40 anos (universal) + qualquer idade com fatores de risco (usuários de drogas injetáveis, transfusões pré-1993, tatuagens/piercings não regulamentados, HIV+, hemodiálise, profissionais da saúde com exposição)
Método
Teste rápido Anti-HCV (imunocromatográfico) na APS, confirmação com HCV-RNA (PCR qualitativo) se positivo
Periodicidade
Ao menos uma vez na vida (universal); anual para grupos de risco persistente
Cobertura Atual
Estimativa: <15% da população ≥40 anos rastreada (PCDT 2019)
Justificativa Técnica
Rastreamento universal ≥40 anos baseado em: (1) Hepatite C assintomática em 70-80% dos casos até cirrose descompensada; (2) Tratamento curativo (DAAs) com taxa de cura >95% disponível no SUS; (3) Custo-efetividade favorável (NNT 12-15 para prevenir 1 cirrose/CHC); (4) Janela epidemiológica (pico de infecções 1980-1990, coorte hoje com 40-60 anos)

Sociedades Médicas

SBHSBMFCAASLD (internacional)
População-alvo
Universal ≥40 anos + gestantes + grupos de risco desde adolescência
Método
Teste rápido Anti-HCV ou ELISA, confirmação com HCV-RNA
Periodicidade
Uma vez na vida (se negativo); anual para grupos de alto risco (UDI, profissionais saúde)
Recomendação Detalhada
SBH (Sociedade Brasileira de Hepatologia) recomenda rastreamento universal ≥40 anos alinhado ao MS. SBMFC enfatiza rastreamento na APS como oportunidade para vinculação ao cuidado de populações vulneráveis (usuários de álcool/drogas, população em situação de rua)
Análise de Convergência

Convergência total entre SUS e sociedades médicas. Hepatite C é um dos raros exemplos de rastreamento com consenso técnico-científico robusto, justificado pela disponibilidade de tratamento curativo (DAAs) no SUS desde 2015 (sofosbuvir, daclatasvir, simeprevir) com eficácia >95%.

Rastreamento de Hepatite B (População Geral Não Vacinada)

dez. de 2025

Rastreamento complementar ao programa de vacinação. Indivíduos >20 anos não vacinados adequadamente devem realizar sorologia para HBsAg. Diferencia-se do rastreamento gestacional (universal) por focar em coortes não cobertas pela vacinação infantil obrigatória (implementada em 1998).

Dados Epidemiológicos

Incidência
Estimativa: 600.000-800.000 portadores de HBsAg+ no Brasil (prevalência 0,6-0,8%)
Mortalidade
~2.500 óbitos/ano por cirrose e CHC relacionados ao HBV
Prevalência/Situação
Endemicidade variável: Alta (>2%) na Amazônia, Média (0,5-2%) Sul/Sudeste, Baixa (<0,5%) após vacinação universal infantil (1998)

Fontes Epidemiológicas

Comparação: Rastreamento de Hepatite B (População Geral Não Vacinada)

Convergência Total

Sistema Único de Saúde

Protocolo Ministério da Saúde

População-alvo
Pessoas >20 anos sem vacinação completa (3 doses) documentada + grupos de risco (mesmos da Hepatite C)
Método
HBsAg (teste rápido na APS ou ELISA); se positivo, solicitar HBeAg, Anti-HBe, HBV-DNA
Periodicidade
Ao menos uma vez na vida
Cobertura Atual
Baixa (dado não disponível nacionalmente)
Justificativa Técnica
População nascida antes de 1998 (pré-vacinação universal infantil) pode ter tido exposição. Identificação permite: (1) Tratamento se hepatite crônica ativa; (2) Monitoramento de CHC (ultrassom + AFP semestral); (3) Vacinação de contatos

Sociedades Médicas

SBHSBMFC
População-alvo
Mesma recomendação do MS
Método
HBsAg (teste rápido ou ELISA)
Periodicidade
Uma vez na vida se negativo e não vacinado; seguimento anual se portador crônico
Recomendação Detalhada
Convergência com MS. SBH reforça importância do rastreamento em áreas de alta endemicidade (Amazônia Legal, algumas regiões do Sul)
Análise de Convergência

Convergência total. Hepatite B é modelo de rastreamento com custo-efetividade demonstrada, pois identifica portadores crônicos que necessitam monitoramento de CHC (principal causa de câncer de fígado) e tratamento quando indicado.

Rastreamento de HIV em População Geral (Não Gestantes)

dez. de 2025

Rastreamento de HIV em populações-chave e população geral visa diagnóstico precoce para início imediato de TARV (tratamento como prevenção - TasP), reduzindo morbimortalidade individual e transmissão comunitária. Brasil adota estratégia "testar e tratar" desde 2013: TARV universal independente de CD4. Populações-chave (HSH, profissionais do sexo, pessoas trans, usuários de drogas) concentram 50-60% dos novos diagnósticos.

Dados Epidemiológicos

Incidência
~40.000 novos diagnósticos de HIV/ano no Brasil (2022). Taxa de detecção: 18,5/100.000 habitantes. Epidemia CONCENTRADA: HSH representam 52% dos casos, pessoas trans 0,7% (prevalência 31% nesta população), profissionais do sexo 5%
Mortalidade
~12.000 óbitos/ano por AIDS (2021), redução de 35% desde 2010. Principal causa de morte: diagnóstico tardio (CD4 <200) e abandono de TARV
Prevalência/Situação
~1 milhão de PVHA no Brasil (0,4-0,6% população adulta). Cascata de cuidado (2022): 89% diagnosticadas, 81% em TARV, 94% suprimidas (meta UNAIDS 95-95-95). Desigualdades: diagnóstico tardio mais frequente em homens heterossexuais, negros, baixa escolaridade, Norte/Nordeste

Fontes Epidemiológicas

Comparação: Rastreamento de HIV em População Geral (Não Gestantes)

Convergência Total

Sistema Único de Saúde

Protocolo Ministério da Saúde

População-alvo
UNIVERSAL: Ofertar testagem para HIV a TODA população sexualmente ativa ao menos uma vez na vida, independente de fatores de risco. POPULAÇÕES-CHAVE (testagem frequente): Homens que fazem sexo com homens (HSH), profissionais do sexo, pessoas trans, usuários de drogas injetáveis (UDI), pessoas privadas de liberdade (PPL), população em situação de rua (PSR), parceiros de PVHA. GRUPOS ADICIONAIS: Pessoas com múltiplos parceiros, IST prévia, tuberculose ativa, hepatites virais
Método
Teste rápido anti-HIV (imunocromatográfico, resultado em 20 minutos) disponível em todas UBS, SAE, CTA (Centros de Testagem e Aconselhamento). Se reagente: confirmar com imunoensaio 4ª geração + carga viral HIV. Autoteste de HIV disponível gratuitamente no SUS desde 2018 (distribuído em UBS, CTA, ONGs)
Periodicidade
População geral: ao menos uma vez na vida. Populações-chave: ANUAL (mínimo) ou a cada 3-6 meses se exposição de risco contínua (múltiplos parceiros, sexo sem preservativo). Parceiros de PVHA: testagem inicial + 3-6 meses se PrEP ou exposição
Cobertura Atual
Testagem: ~35-40% da população adulta já testou alguma vez (PCAP 2021); populações-chave: ~50-60% testagem anual. Desafio: diagnóstico tardio em 35% dos casos (CD4 <200)
Justificativa Técnica
Diagnóstico precoce permite: (1) Início imediato de TARV (meta: indetectável = intransmissível, "U=U"); (2) Supressão viral reduz transmissão em 96% (HPTN 052); (3) Redução de mortalidade em 50-70% se TARV iniciada com CD4 >350; (4) Oferta de PrEP para parceiros soronegativos. Brasil tem 1 milhão de PVHA, 89% diagnosticadas, 81% em TARV, 94% suprimidas (meta UNAIDS 95-95-95). Epidemia concentrada: HSH representam 52% novos diagnósticos apesar de ~3% população masculina

Sociedades Médicas

SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia)SBMFCDepartamento IST/HIV/AIDS SBD
População-alvo
Alinhada ao MS: testagem universal oferecida a todos + testagem frequente (anual ou semestral) para populações-chave
Método
Teste rápido (preferencial na APS por resultado imediato e vinculação ao cuidado) OU ELISA 4ª geração. Autoteste de HIV válido para triagem, mas casos reagentes devem confirmar com teste laboratorial. PrEP (Profilaxia Pré-Exposição) disponível no SUS desde 2018 para populações-chave com risco substancial
Periodicidade
População geral: ao menos 1x na vida. HSH, profissionais do sexo, pessoas trans: a cada 3-6 meses. Parceiros sorodiscordantes: conforme protocolo PrEP (trimestral)
Recomendação Detalhada
SBI 2024 enfatiza: testagem deve ser ATIVA (oferecida proativamente pelos profissionais de saúde, não aguardar demanda espontânea), com aconselhamento pré/pós-teste e vinculação imediata ao SAE se positivo. SBMFC reforça: APS é porta de entrada ideal para testagem de populações-chave (HSH, pessoas trans) com abordagem livre de estigma. Linkage to care: meta de iniciar TARV em <7 dias do diagnóstico
Análise de Convergência

Convergência total entre MS e sociedades médicas sobre: (1) testagem universal oferecida a toda população adulta; (2) testagem frequente (anual ou semestral) para populações-chave; (3) TARV universal imediata ao diagnóstico; (4) PrEP para populações de risco substancial. Desafios operacionais: testagem e retenção em cuidado de populações-chave (HSH, pessoas trans, profissionais do sexo) que enfrentam estigma e barreiras de acesso; diagnóstico tardio (35% com CD4 <200); perda de seguimento (15-20% após diagnóstico)

Rastreamento de Gonorreia e Clamídia em Populações-Chave

dez. de 2025

Gonorreia (Neisseria gonorrhoeae) e clamídia (Chlamydia trachomatis) são as ISTs bacterianas curáveis mais prevalentes. Assintomáticas em 50-80% das mulheres e 10-40% dos homens, podem causar doença inflamatória pélvica (DIP), infertilidade, gravidez ectópica. Rastreamento em populações-chave detecta casos assintomáticos para tratamento e quebra de cadeia de transmissão. Preocupação global: N. gonorrhoeae multidroga-resistente (MDR).

Dados Epidemiológicos

Incidência
Estimativa OMS: 78 milhões de casos de gonorreia e 127 milhões de casos de clamídia/ano globalmente. Brasil: dados incompletos (subnotificação). Estudos de prevalência: 5-10% em mulheres <25 anos sexualmente ativas, 10-20% em HSH, 15-25% em profissionais do sexo
Mortalidade
Não causa morte direta. Morbidade: DIP em 10-15% mulheres com clamídia não tratada, infertilidade tubária em 10-20% pós-DIP
Prevalência/Situação
Clamídia: IST bacteriana curável mais prevalente globalmente. Gonorreia: 2ª mais prevalente. Preocupação crescente: N. gonorrhoeae multidroga-resistente (resistência a cefalosporinas de 3ª geração relatada globalmente, incluindo casos no Brasil)

Fontes Epidemiológicas

Comparação: Rastreamento de Gonorreia e Clamídia em Populações-Chave

Convergência Total

Sistema Único de Saúde

Protocolo Ministério da Saúde

População-alvo
POPULAÇÕES-CHAVE para rastreamento: Mulheres sexualmente ativas <25 anos, HSH, profissionais do sexo, pessoas trans, múltiplos parceiros (>3/ano), nova parceria sexual, IST prévia nos últimos 12 meses, parceiros com IST. NÃO é rastreamento universal (população geral assintomática sem fatores de risco não tem indicação)
Método
NAAT (Nucleic Acid Amplification Test) - teste molecular PCR em tempo real para detecção simultânea de N. gonorrhoeae + C. trachomatis. Amostras: urina (1º jato) em homens, swab endocervical/vaginal em mulheres, swab orofaríngeo/retal em HSH (infecções extragenitais assintomáticas em 5-15% dos casos). NAAT disponível em SAE e alguns CTA, NÃO universalmente disponível na APS
Periodicidade
Populações-chave SINTOMÁTICAS: testagem imediata. Populações-chave ASSINTOMÁTICAS: anual (mínimo) ou a cada 3-6 meses se risco contínuo. HSH: rastreamento em 3 sítios (uretral/urina, orofaríngeo, retal) se sexo desprotegido
Cobertura Atual
Baixa (dado não disponível nacionalmente). Limitação: NAAT não universalmente disponível, swab retal/orofaríngeo raramente coletado em HSH na APS
Justificativa Técnica
Rastreamento justificado em populações-chave por: (1) Alta prevalência (10-20% em HSH, 5-10% mulheres <25 anos); (2) Curso assintomático frequente (oportunidade perdida de tratamento); (3) Complicações graves evitáveis (DIP, infertilidade); (4) Tratamento curativo disponível; (5) Resistência antimicrobiana crescente (N. gonorrhoeae MDR: ceftriaxona 500mg IM dose única + azitromicina 1g VO dose única - esquema dual obrigatório)

Sociedades Médicas

SBDST (Sociedade Brasileira de Doenças Sexualmente Transmissíveis)SBISBMFC
População-alvo
Mesma do MS: populações-chave (mulheres <25 anos sexualmente ativas, HSH, profissionais do sexo, pessoas trans, múltiplos parceiros)
Método
NAAT (padrão-ouro) para detecção simultânea de N. gonorrhoeae + C. trachomatis. SBDST enfatiza: em HSH, coletar amostra de 3 sítios (uretral, orofaríngeo, retal) pois 70-80% das infecções são extragenitais e assintomáticas
Periodicidade
Populações-chave: anual (mínimo) ou semestral se risco contínuo. HSH com múltiplos parceiros: a cada 3-6 meses
Recomendação Detalhada
SBDST 2023 recomenda: tratamento sindromicamente (sem aguardar resultado laboratorial) se paciente sintomático com corrimento uretral/cervical. Esquema dual OBRIGATÓRIO para gonorreia (ceftriaxona 500mg IM + azitromicina 1g VO dose única) devido a resistência. Notificar parceiros sexuais dos últimos 60 dias. Retestagem ("test of cure") 3 meses após tratamento para detectar reinfecção (20-30% em populações-chave)
Análise de Convergência

Convergência entre MS e sociedades médicas sobre: (1) rastreamento direcionado a populações-chave (NÃO universal); (2) NAAT como método diagnóstico preferencial; (3) esquema dual para gonorreia (ceftriaxona + azitromicina). Desafios operacionais críticos: (1) Disponibilidade limitada de NAAT (não disponível em >80% das UBS); (2) Subnotificação (gonorreia e clamídia não são doenças de notificação compulsória universal); (3) Coleta de swab retal/orofaríngeo raramente realizada em HSH (lacuna crítica); (4) Resistência antimicrobiana crescente (N. gonorrhoeae MDR já relatada no Brasil)

Rastreamento de Retinopatia Diabética

dez. de 2025

A retinopatia diabética é a principal causa de cegueira evitável em adultos em idade produtiva. Todo diabético deve realizar fundoscopia anual, pois a detecção precoce de retinopatia permite fotocoagulação a laser ou anti-VEGF intravítreo, prevenindo perda visual irreversível.

Dados Epidemiológicos

Incidência
~16,8 milhões de diabéticos no Brasil (8% da população adulta); 30-40% desenvolverão algum grau de retinopatia
Mortalidade
Não causa morte direta, mas cegueira em ~10.000 diabéticos/ano
Prevalência/Situação
Retinopatia diabética presente em 35% dos diabéticos tipo 1 (>10 anos duração) e 20% tipo 2 ao diagnóstico

Fontes Epidemiológicas

Comparação: Rastreamento de Retinopatia Diabética

Convergência Total

Sistema Único de Saúde

Protocolo Ministério da Saúde

População-alvo
Todos diabéticos tipo 1 e tipo 2: DM1 a partir de 5 anos do diagnóstico; DM2 imediatamente ao diagnóstico
Método
Fundoscopia (direta, indireta ou retinografia digital) por oftalmologista ou médico capacitado; telemedicina em expansão (laudos remotos de retinografia)
Periodicidade
Anual se sem retinopatia; semestral se retinopatia não-proliferativa leve/moderada; trimestral se retinopatia proliferativa ou maculopatia
Cobertura Atual
Estimativa: <30% dos diabéticos realizam fundoscopia anual (VIGITEL 2023)
Justificativa Técnica
Rastreamento baseado em: (1) Retinopatia assintomática até estágios avançados; (2) Tratamento efetivo disponível (fotocoagulação, anti-VEGF); (3) Cegueira evitável em >90% com detecção/tratamento precoce; (4) DM é epidemia no Brasil (estimativa 16,8 milhões diabéticos)

Sociedades Médicas

SBDCBOSBR
População-alvo
Mesma recomendação do MS (todo diabético)
Método
Preferencial: Retinografia digital com laudo por oftalmologista (superior a fundoscopia direta); telemedicina aceita
Periodicidade
DM1: anual a partir de 5 anos diagnóstico; DM2: anual imediatamente; aumentar frequência se retinopatia presente
Recomendação Detalhada
SBD 2023 enfatiza: retinografia digital com telemedicina pode ampliar cobertura em áreas sem oftalmologista. CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) recomenda capacitação de médicos de família para fundoscopia básica e triagem para referenciamento
Análise de Convergência

Convergência total em indicação e periodicidade. Divergência em método (retinografia digital preferível a fundoscopia direta). Gargalo operacional: déficit de oftalmologistas no SUS (tempo médio de espera 180 dias para fundoscopia em capitais do Nordeste)

Avaliação Anual do Pé Diabético

dez. de 2025

Rastreamento anual de neuropatia periférica e doença arterial periférica em diabéticos, visando estratificar risco de úlcera e amputação. Exame clínico simples (monofilamento 10g, diapasão 128Hz, palpação de pulsos) pode ser realizado pelo médico de família, enfermeiro ou técnico capacitado na APS.

Dados Epidemiológicos

Incidência
~16,8 milhões diabéticos no Brasil; 15-25% desenvolverão úlcera de pé ao longo da vida
Mortalidade
Amputação de membro inferior 15-25x mais frequente em diabéticos; mortalidade pós-amputação 50% em 5 anos
Prevalência/Situação
Neuropatia diabética presente em 50% dos diabéticos com >10 anos de duração

Fontes Epidemiológicas

Comparação: Avaliação Anual do Pé Diabético

Convergência Total

Sistema Único de Saúde

Protocolo Ministério da Saúde

População-alvo
Todos diabéticos tipo 1 e tipo 2, independente da duração
Método
Exame clínico estruturado: (1) Inspeção visual (calosidades, deformidades, fissuras); (2) Monofilamento de Semmes-Weinstein 10g (10 pontos); (3) Diapasão 128Hz (sensibilidade vibratória); (4) Palpação de pulsos (tibial posterior, pedioso)
Periodicidade
Anual para baixo risco; semestral para risco moderado/alto; mensal se úlcera ativa
Cobertura Atual
Estimativa: <25% dos diabéticos têm avaliação anual do pé documentada (estudo VIGITEL 2023)
Justificativa Técnica
Fundamentação: (1) Neuropatia diabética acomete 50% diabéticos >10 anos duração; (2) 85% das amputações são precedidas por úlcera; (3) Exame simples, sem custo, pode ser feito na APS; (4) Estratificação de risco permite educação preventiva (calçados adequados, cuidados)

Sociedades Médicas

SBDSBACVSBMFC
População-alvo
Todo diabético, enfatizando alto risco: >60 anos, DM >10 anos, neuropatia prévia, DAP, IRC, retinopatia, tabagismo
Método
Mesmo do MS + recomendação adicional: Índice Tornozelo-Braquial (ITB) se suspeita de DAP
Periodicidade
Anual (baixo risco); trimestral (alto risco)
Recomendação Detalhada
SBD 2023 enfatiza papel da APS: enfermeiro pode realizar exame de monofilamento e estratificar risco, reservando avaliação do cirurgião vascular para casos de alto risco ou úlcera ativa. SBMFC reforça educação terapêutica (autocuidado com pés) como parte do rastreamento
Análise de Convergência

Convergência total em indicação (todo diabético) e periodicidade (anual). Divergência menor em método (SBD adiciona ITB). Desafio operacional na APS: apenas 34,2% das UBS possuem monofilamento de Semmes-Weinstein disponível (PMAQ 2018)