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Rastreamento de Câncer

Mama, Colo do Útero, Próstata e Colorretal

2025: Ano da Ruptura Paradigmática no Rastreamento Oncológico na APS. A incorporação do teste molecular de HPV-DNA pela CONITEC (2024), a ampliação da mamografia para 40-69 anos (Portaria GM/MS nº 1.253/2023), e a tramitação da "Lei Preta Gil" (rastreamento colorretal obrigatório) representam transformações profundas no escopo de atuação da Atenção Primária à Saúde e da Medicina de Família e Comunidade. Estas mudanças exigem: (1) nova arquitetura de sistemas de informação integrados (e-SUS/SISCAN); (2) capacitação massiva de equipes de Saúde da Família;(3) reestruturação da rede de atenção especializada; (4) protocolos municipais para gestão de casos inconclusivos.A APS, como coordenadora do cuidado, encontra-se no epicentro desta transição, mas carece de ferramentas, formação e retaguarda para operacionalizar o rastreamento oncológico de forma integral, longitudinal e equânime.

Instituições e Sociedades Médicas Brasileiras

Logo do Sistema Único de Saúde - SUS

Sistema Único de Saúde

INCA
Instituto Nacional
de Câncer

Instituto Nacional de Câncer

CONITEC
Comissão Nacional de
Incorporação de Tecnologias

CONITEC

SBMFC

Medicina de Família e Comunidade

SBM

Sociedade Brasileira de Mastologia

FEBRASGO

Ginecologia e Obstetrícia

SBU

Sociedade Brasileira de Urologia

SBCP

Coloproctologia

Materiais Oficiais do INCA e Ministério da Saúde

Infográficos oficiais para apoio à decisão clínica e comunicação com pacientes na APS.

Ferramenta de Apoio à Decisão no Rastreamento do Câncer de Mama - INCA

Rastreamento do Câncer de Mama (40-49 anos)

Ferramenta oficial do INCA para apoio à decisão compartilhada no rastreamento mamográfico em mulheres de 40-49 anos. Apresenta riscos e benefícios para uso em consulta médica na APS.

Fonte: INCA - Instituto Nacional de Câncer (2023)
Infográfico HPV Vacinação e Prevenção - Ministério da Saúde

HPV - Vacinação e Prevenção

Informações sobre o Papilomavírus Humano (HPV), sua relação com o câncer de colo do útero, cobertura vacinal e recomendações de prevenção. Fundamental para o contexto do rastreamento oncológico.

Fonte: Ministério da Saúde - SVSA (2025)

📊 Cobertura de Mamografia no SUS (2023)

24,1%

Cobertura Atual (50-69 anos)

Fonte: SISMAMA/DATASUS 2023

Abaixo da meta OMS (70%)
70%

Meta OMS

Organização Mundial da Saúde

Objetivo a alcançar

Gap de 45,9 pontos percentuais

Aproximadamente 11,2 milhões de mulheres fora do rastreamento (IBGE 2022)

🗺️ Distribuição de Mamógrafos por Região (CNES 2024)

Mamógrafos por 100.000 mulheres • Parâmetro ideal: 1,9

Norte
0.34
/100mil mulheres
-82%
Nordeste
0.89
/100mil mulheres
-53%
Centro-Oeste
1.24
/100mil mulheres
-35%
Sudeste
1.87
/100mil mulheres
-11%
Sul
2.1
/100mil mulheres
OK

Déficit nacional: -37,2% de mamógrafos em relação à necessidade calculada

Fonte: CNES/MS 2024 • Portaria SAS/MS nº 741/2005

👨‍⚕️ Capacitação em Rastreamento Oncológico - APS/MFC

12%

Residências com módulo HPV-DNA/BI-RADS

Apenas 1 em cada 8 programas de Residência em MFC incluem rastreamento oncológico

Fonte: SBMFC - Censo Residências 2024

68%

Médicos de família não sabem conduzir BI-RADS 3

Estudo com 847 médicos de família em 12 capitais brasileiras

Fonte: SBMFC - Estudo Multicêntrico 2023

91%

UBS sem protocolo de seguimento mamográfico

Cada médico decide individualmente, gerando heterogeneidade assistencial

Fonte: SBMFC - Estudo Multicêntrico 2023

78%

Médicos relatam pressão para solicitar PSA

Mesmo após explicação de riscos de sobrediagnóstico

Fonte: SBMFC - Estudo Qualitativo 2024 (412 médicos)

⏱️ Tempo Médio de Espera no SUS (2023)

Dados DATASUS/SISREG • Média nacional em capitais

Mamografia (resultado)

Tempo ideal: 30 dias

78
dias
Ideal
Real
160% acima do ideal

Mamografia complementar

Tempo ideal: 60 dias

147
dias
Ideal
Real
145% acima do ideal

Colposcopia pós-HPV+

Tempo ideal: 30 dias

147
dias
Ideal
Real
390% acima do ideal

Colonoscopia diagnóstica

Tempo ideal: 60 dias

287
dias
Ideal
Real
378% acima do ideal

📈 Crescimento de Solicitação de PSA no SUS

+340%

Crescimento de 2015 a 2023

Sem correlação com redução de mortalidade ajustada por idade

2015

Baseline de solicitações

2023

4,4x mais solicitações

Fonte: SIM/DATASUS 2023 • Análise de mortalidade ajustada

Inflação de demanda: Aumento de solicitações impulsionado por campanhas como "Novembro Azul", sem tradução em benefício populacional (sobrediagnóstico, sobretratamento, ansiedade)

Rastreamento do Câncer de Mama

set. de 2025

O câncer de mama é o tipo de câncer mais comum e o que mais mata mulheres no Brasil (excluindo pele não-melanoma). São estimados ~66 mil casos novos/ano (2023) e ~18 mil óbitos/ano.

Dados Epidemiológicos

Incidência
~66.000 casos novos/ano (2023)
Mortalidade
~18.000 óbitos/ano
Prevalência/Situação
50-60% dos casos diagnosticados em estádios avançados (III/IV) no SUS

Fontes Epidemiológicas

Comparação: Rastreamento do Câncer de Mama

Convergência Parcial

Sistema Único de Saúde

Protocolo Ministério da Saúde

População-alvo
Mulheres de 50 a 74 anos (rastreamento organizado); 40 a 49 anos mediante decisão compartilhada (atualização Set/2025)
Método
Mamografia bilateral bienal
Periodicidade
A cada 2 anos (bienal)
Cobertura Atual
~24-40% (dados variam por fonte)
Justificativa Técnica
A expansão para 40-49 anos reflete dados epidemiológicos que apontam que aproximadamente 40% dos diagnósticos ocorrem em mulheres abaixo dos 50 anos no Brasil, realidade distinta da europeia.

Sociedades Médicas

SBMFEBRASGOCBR
População-alvo
Mulheres a partir de 40 anos (universal)
Método
Mamografia digital anual (+ Tomossíntese quando disponível)
Periodicidade
Anual (cada 1 ano)
Recomendação Detalhada
Início aos 40 anos universalmente, com periodicidade anual especialmente para mulheres jovens cujos tumores tendem a ser mais agressivos.
Análise de Convergência

Alta convergência na idade de início (40 anos) após atualização de Set/2025. Divergência persiste na periodicidade: SUS mantém bienal, sociedades recomendam anual.

Rastreamento do Câncer de Colo do Útero

ago. de 2025

O câncer de colo do útero é o 3º mais incidente em mulheres brasileiras. Estimam-se ~17 mil casos novos/ano (2023-25) e ~7 mil óbitos/ano. É um câncer evitável, com progressão lenta através de lesões precursoras (NIC).

Dados Epidemiológicos

Incidência
~17.000 casos novos/ano (2023-25)
Mortalidade
~7.000 óbitos/ano
Prevalência/Situação
~80% dos casos invasivos atendidos no SUS já em estágio II-IV

Fontes Epidemiológicas

Comparação: Rastreamento do Câncer de Colo do Útero

Convergência Total

Sistema Único de Saúde

Protocolo Ministério da Saúde

População-alvo
Mulheres de 25 a 29 anos: citologia oncótica; 30 a 64 anos: teste DNA-HPV (nova diretriz Ago/2025)
Método
Teste molecular de DNA-HPV oncogênico (substituindo gradualmente o Papanicolau)
Periodicidade
Teste HPV: quinquenal (a cada 5 anos se negativo); Citologia (25-29 anos): trienal após 2 normais
Cobertura Atual
~60-70% das mulheres 25-64 com exame nos últimos 3 anos
Justificativa Técnica
A incorporação do teste de HPV representa revolução tecnológica. Maior sensibilidade permite intervalos mais seguros (5 anos). Abaixo de 30 anos, prevalência de infecções transitórias é alta.

Sociedades Médicas

FEBRASGOABPTGIC
População-alvo
Mulheres de 25 a 64 anos
Método
Teste DNA-HPV primário (já recomendado antes da incorporação pelo SUS)
Periodicidade
Quinquenal (a cada 5 anos)
Recomendação Detalhada
Total alinhamento com nova diretriz SUS. Sociedades já preconizavam teste de HPV como padrão-ouro.
Análise de Convergência

Alinhamento quase total. FEBRASGO e ABPTGIC participaram da elaboração das novas diretrizes. Convergência completa em tecnologia, população-alvo e periodicidade.

Rastreamento do Câncer de Próstata

nov. de 2025

O câncer de próstata é o mais comum em homens brasileiros (excluindo pele) – ~71 mil casos novos/ano e ~16 mil mortes/ano. Apresenta comportamento heterogêneo com muitos tumores indolentes.

Dados Epidemiológicos

Incidência
~71.000 casos novos/ano
Mortalidade
~16.000 óbitos/ano
Prevalência/Situação
Muitos tumores indolentes (crescimento lento, sem ameaça à vida)

Fontes Epidemiológicas

Comparação: Rastreamento do Câncer de Próstata

Divergência

Sistema Único de Saúde

Protocolo Ministério da Saúde

População-alvo
Não há população-alvo definida para rastreamento populacional
Método
PSA sérico + toque retal (mediante decisão compartilhada)
Periodicidade
Não definida (não há recomendação de rotina)
Cobertura Atual
~50% dos homens >50 anos já fizeram PSA alguma vez (oportunístico)
Justificativa Técnica
MS/INCA não recomendam rastreamento populacional sistemático devido à incerta relação risco-benefício. Enfoque em decisão compartilhada informada.

Sociedades Médicas

SBUSBOCSBRT
População-alvo
Homens a partir de 50 anos (população geral); 45 anos se alto risco (negros, história familiar)
Método
PSA + toque retal anualmente; Ressonância Magnética Multiparamétrica antes de biópsia
Periodicidade
Anual
Recomendação Detalhada
Screening inteligente com ferramentas modernas reduz biópsias desnecessárias e sobretratamento.
Análise de Convergência

Divergência fundamental. MS não recomenda rastreamento populacional; SBU defende screening a partir de 45-50 anos. Essa é a maior discordância entre políticas públicas e sociedades médicas.