Outros Rastreamentos
Grupos de Risco, Regionais e Oportunísticos
Rastreamentos Específicos na APS: Esta seção reúne rastreamentos que não se enquadram nas categorias universais (neonatal, câncer, gestação, adultos). Inclui: (1) Rastreamentos de grupos de risco (tuberculose em contatos, PVHA, PPL; hanseníase em contatos intradomiciliares); (2) Rastreamentos regionais (Doença de Chagas em áreas endêmicas);(3) Rastreamentos oportunísticos (saúde bucal, violência doméstica, depressão); e (4) Rastreamentos NÃO recomendados universalmente (glaucoma). Cada rastreamento possui indicações precisas, população-alvo definida e referências Q1+ verificadas.
📋 Sobre Esta Categoria
Esta seção reúne rastreamentos que não são universais ou que possuem indicações específicas:
- ●Rastreamentos de Grupos de Risco: Tuberculose (contatos, PVHA, PPL), Hanseníase (contatos intradomiciliares)
- ●Rastreamentos Regionais: Doença de Chagas (áreas endêmicas de MG, BA, GO, TO)
- ●Rastreamentos Oportunísticos: Saúde Bucal, Violência Doméstica, Depressão na APS
- ●NÃO Recomendados Universalmente: Glaucoma (custo-efetividade desfavorável)
Instituições e Sociedades Relevantes
Sistema Único de Saúde
Medicina de Família e Comunidade
Incorporação de Tecnologias
CONITEC
✅ Grupos de Risco
Rastreamento ativo em populações específicas com alto risco
- • Tuberculose (contatos, PVHA, PPL)
- • Hanseníase (contatos)
- • Chagas (áreas endêmicas)
🔄 Oportunísticos
Rastreamento durante consultas de rotina na APS
- • Saúde Bucal (Brasil Sorridente)
- • Violência Doméstica
- • Depressão (PHQ-2/PHQ-9)
❌ Não Recomendados
Rastreamento universal não indicado por custo-efetividade
- • Glaucoma (USPSTF: evidência insuficiente)
- • Depressão universal (controvérsia)
Infográficos Oficiais - Outros Rastreamentos
Materiais do Ministério da Saúde sobre doenças e condições rastreadas na APS.
Rastreamento de Tuberculose em Grupos de Risco
Rastreamento ativo de tuberculose em populações de alto risco: contatos de casos de TB pulmonar bacilífera, pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHA), população privada de liberdade (PPL), população em situação de rua (PSR), profissionais da saúde, indígenas aldeados. NÃO é rastreamento populacional universal - é busca ativa em grupos específicos.
Dados Epidemiológicos
- Incidência
- ~70.000 casos novos/ano no Brasil (2023); 33,5 casos/100 mil habitantes
- Mortalidade
- ~4.500 óbitos/ano (2023); 2,2 óbitos/100 mil habitantes
- Prevalência/Situação
- PVHA: 28x mais risco; PPL: 35x mais risco; PSR: 56x mais risco; Indígenas: 3x mais risco
Fontes Epidemiológicas
Comparação: Rastreamento de Tuberculose em Grupos de Risco
Sistema Único de Saúde
Protocolo Ministério da Saúde
- População-alvo
- Contatos de TB pulmonar bacilífera (todos os domiciliares e institucionais); PVHA (anual); PPL (ingresso e anual); PSR (busca ativa contínua); Profissionais da saúde (admissional e periódico); Indígenas (busca ativa em aldeias)
- Método
- Avaliação clínica + Radiografia de tórax + Prova tuberculínica (PT) ou IGRA + Baciloscopia/TRM-TB se sintomático
- Periodicidade
- Contatos: imediato ao diagnóstico do caso-índice; PVHA: anual; PPL: ingresso + anual; Demais: conforme protocolo
- Cobertura Atual
- Exame de contatos: 56,8% (meta: 100%) - SINAN 2023
- Justificativa Técnica
- Estratégia de controle da TB baseada em: (1) Identificação precoce de casos ativos (interromper transmissão); (2) Tratamento de infecção latente (ILTB) em contatos e imunossuprimidos (prevenir adoecimento); (3) Grupos de risco concentram 60-70% dos casos de TB no Brasil
Sociedades Médicas
- População-alvo
- Mesma do MS, com ênfase adicional em: usuários de drogas injetáveis, etilistas crônicos, diabéticos, pacientes em uso de imunossupressores/biológicos
- Método
- SBPT recomenda TRM-TB (GeneXpert) como teste inicial para diagnóstico rápido em sintomáticos; IGRA preferível a PT em vacinados com BCG
- Periodicidade
- Conforme MS
- Recomendação Detalhada
- SBPT 2021 enfatiza: rastreamento de ILTB antes de iniciar terapia biológica (anti-TNF, anti-IL) é obrigatório. SBMFC reforça papel da APS na investigação de contatos domiciliares
Análise de Convergência
Convergência total. Tuberculose é prioridade de saúde pública com protocolos bem estabelecidos. Desafio operacional: apenas 56,8% dos contatos são examinados (meta 100%)
Rastreamento de Hanseníase em Contatos
Vigilância de contatos intradomiciliares e sociais de casos de hanseníase. O exame dermatoneurológico periódico visa detectar precocemente casos novos, interrompendo a cadeia de transmissão. Brasil é o 2º país em casos no mundo (atrás apenas da Índia).
Dados Epidemiológicos
- Incidência
- ~18.000 casos novos/ano no Brasil (2023); 8,5 casos/100 mil habitantes
- Mortalidade
- Baixa (doença crônica, não letal)
- Prevalência/Situação
- Concentração no Norte/Nordeste/Centro-Oeste (hiperendêmico: >40/100 mil); Grau 2 de incapacidade ao diagnóstico: 8,4% (indica diagnóstico tardio)
Fontes Epidemiológicas
Comparação: Rastreamento de Hanseníase em Contatos
Sistema Único de Saúde
Protocolo Ministério da Saúde
- População-alvo
- Contatos intradomiciliares de casos de hanseníase (todos que residam ou tenham residido com o caso nos últimos 5 anos); Contatos sociais (trabalho, escola, vizinhança) de casos multibacilares
- Método
- Exame dermatoneurológico completo (inspeção de toda pele + palpação de nervos periféricos + teste de sensibilidade térmica/dolorosa/tátil)
- Periodicidade
- Anual por 5 anos após último contato com caso em tratamento; imediato ao diagnóstico do caso-índice
- Cobertura Atual
- Exame de contatos: 78,4% (meta: 100%) - SINAN 2023
- Justificativa Técnica
- Fundamentação: (1) Período de incubação longo (2-7 anos) exige vigilância prolongada; (2) Contatos intradomiciliares têm risco 5-10x maior de adoecimento; (3) Diagnóstico precoce previne incapacidades físicas irreversíveis
Sociedades Médicas
- População-alvo
- Mesma do MS
- Método
- SBD recomenda adicionalmente: BCG-ID em contatos sem cicatriz vacinal (proteção parcial); quimioprofilaxia com rifampicina dose única (PQR) em contatos de multibacilares (em implementação)
- Periodicidade
- Anual por 5 anos
- Recomendação Detalhada
- SBD 2022 enfatiza: capacitação de médicos de família para exame dermatoneurológico básico é essencial para descentralização do diagnóstico
Análise de Convergência
Convergência total. Hanseníase é doença de notificação compulsória com protocolos bem estabelecidos. Brasil segue meta OMS de eliminação (<1 caso/10 mil habitantes)
Rastreamento de Doença de Chagas (Áreas Endêmicas)
Rastreamento sorológico e eletrocardiográfico em populações de áreas endêmicas (principalmente Minas Gerais, Bahia, Goiás, Tocantins, Piauí). Visa identificar cardiopatia chagásica crônica para tratamento e prevenção de morte súbita. Não é rastreamento nacional universal.
Dados Epidemiológicos
- Incidência
- ~200 casos agudos/ano (transmissão oral predominante); 1-3 milhões de casos crônicos (infecção prévia)
- Mortalidade
- ~4.000-6.000 óbitos/ano atribuídos a cardiopatia chagásica
- Prevalência/Situação
- Soroprevalência: 1,0-4,5% em áreas endêmicas (vs 0,02% em áreas não endêmicas)
Fontes Epidemiológicas
Comparação: Rastreamento de Doença de Chagas (Áreas Endêmicas)
Sistema Único de Saúde
Protocolo Ministério da Saúde
- População-alvo
- Residentes ou ex-residentes de áreas endêmicas (zona rural de MG, BA, GO, TO, PI, MA, CE); Nascidos antes de 1980 em áreas com transmissão vetorial ativa; Filhos de mães soropositivas (transmissão vertical)
- Método
- Sorologia (ELISA + IFI ou HAI) para diagnóstico; ECG de repouso para estratificação de risco cardíaco; Ecocardiograma se ECG alterado
- Periodicidade
- Sorologia: uma vez na vida se nunca rastreado; ECG: anual se soropositivo
- Cobertura Atual
- Baixa (dado não disponível nacionalmente); Projeto Norte de Minas (2023): 939 casos identificados em 48 municípios
- Justificativa Técnica
- Rastreamento regional baseado em: (1) Estimativa de 1-3 milhões de brasileiros infectados; (2) 20-30% desenvolverão cardiopatia chagásica crônica (CCC); (3) Morte súbita por arritmia é principal causa de óbito; (4) Tratamento com benznidazol pode reduzir progressão se fase indeterminada
Sociedades Médicas
- População-alvo
- Mesma do MS, com ênfase em: gestantes de áreas endêmicas (prevenir transmissão vertical); candidatos a transplante cardíaco
- Método
- SBC 2023 recomenda: escore de Rassi para estratificação de risco de morte súbita em cardiopatas chagásicos; CDI (cardiodesfibrilador implantável) em alto risco
- Periodicidade
- ECG anual + Holter 24h se arritmias; Ecocardiograma bienal se CCC
- Recomendação Detalhada
- SBC enfatiza: Chagas é causa de 25% dos transplantes cardíacos no Brasil. Rastreamento em áreas endêmicas é custo-efetivo para identificar candidatos a tratamento e prevenção de morte súbita
Análise de Convergência
Convergência em indicação e método. Divergência em cobertura: MS recomenda rastreamento em áreas endêmicas, mas implementação é heterogênea e depende de iniciativas estaduais/municipais
Rastreamento de Saúde Bucal (Cárie, Doença Periodontal, Câncer de Boca)
Rastreamento oportunístico de condições bucais na APS, integrado ao Programa Brasil Sorridente. Inclui: (1) Cárie e doença periodontal em crianças (Programa Saúde na Escola) e adultos; (2) Pré-natal odontológico em gestantes; (3) Câncer de boca em grupos de risco (fumantes, etilistas, >40 anos).
Dados Epidemiológicos
- Incidência
- Cárie: 56% das crianças 12 anos; Doença periodontal: 50% adultos; Câncer de boca: ~15.000 casos/ano
- Mortalidade
- Câncer de boca: ~6.000 óbitos/ano (5º câncer mais letal em homens)
- Prevalência/Situação
- Edentulismo (perda total de dentes): 14% da população adulta; 53% dos idosos
Fontes Epidemiológicas
Comparação: Rastreamento de Saúde Bucal (Cárie, Doença Periodontal, Câncer de Boca)
Sistema Único de Saúde
Protocolo Ministério da Saúde
- População-alvo
- Crianças (PSE - exame anual escolar); Gestantes (pré-natal odontológico - mínimo 1 consulta); Adultos (rastreamento oportunístico na APS); Grupos de risco para câncer de boca (fumantes + etilistas + >40 anos)
- Método
- Exame clínico odontológico (inspeção visual + sondagem periodontal); Autoexame de boca orientado para grupos de risco
- Periodicidade
- Crianças: anual (PSE); Gestantes: 1ª consulta de pré-natal + 3º trimestre; Adultos: oportunístico; Câncer de boca: anual para grupos de risco
- Cobertura Atual
- Cobertura de equipes de saúde bucal na ESF: 52,3% (2023)
- Justificativa Técnica
- Fundamentação: (1) Cárie afeta 56% das crianças de 12 anos no Brasil; (2) Doença periodontal afeta 50% dos adultos; (3) Câncer de boca: 15.000 casos/ano, 6.000 óbitos/ano; (4) Integração saúde bucal-APS melhora acesso e continuidade do cuidado
Sociedades Médicas
- População-alvo
- Mesma do MS
- Método
- CFO recomenda: uso de índice CPO-D (cariados, perdidos, obturados) para monitoramento epidemiológico; biópsia de lesões suspeitas de câncer
- Periodicidade
- Semestral para crianças de alto risco (cárie ativa); Anual para adultos
- Recomendação Detalhada
- CFO e ABO enfatizam: cirurgião-dentista deve estar integrado à equipe de Saúde da Família para rastreamento oportunístico e referenciamento adequado
Análise de Convergência
Convergência em indicação. Programa Brasil Sorridente é política de Estado com diretrizes bem estabelecidas. Desafio: cobertura de equipes de saúde bucal ainda abaixo de 60%
Rastreamento de Violência Doméstica/Intrafamiliar
Rastreamento oportunístico de violência contra mulheres, crianças, adolescentes e idosos durante atendimentos na APS. Identificação de sinais de alerta e uso de questionários estruturados. Notificação compulsória ao SINAN. Articulação com rede de proteção social.
Dados Epidemiológicos
- Incidência
- ~500.000 notificações de violência interpessoal/ano no SINAN (2023); estimativa real 3-5x maior (subnotificação)
- Mortalidade
- Feminicídio: ~1.400/ano; Homicídio de crianças/adolescentes: ~4.500/ano
- Prevalência/Situação
- 1 em 3 mulheres sofre violência física/sexual ao longo da vida; 70% dos casos de violência contra criança ocorrem no ambiente doméstico
Fontes Epidemiológicas
Comparação: Rastreamento de Violência Doméstica/Intrafamiliar
Sistema Único de Saúde
Protocolo Ministério da Saúde
- População-alvo
- Mulheres (todas as atendidas na APS - rastreamento oportunístico); Crianças e adolescentes (puericultura, PSE); Idosos (consultas de rotina); Gestantes (pré-natal)
- Método
- Perguntas diretas sobre violência física/sexual/psicológica durante consulta; Observação de sinais de alerta (lesões incompatíveis, comportamento, atraso de desenvolvimento); Questionários validados (HITS, WAST, PVS)
- Periodicidade
- Oportunístico (toda consulta é oportunidade de rastreamento)
- Cobertura Atual
- Subnotificação estimada em 60-80%
- Justificativa Técnica
- Fundamentação: (1) 1 em cada 3 mulheres sofre violência física/sexual ao longo da vida (OMS); (2) Violência é determinante social de saúde com impacto em morbidade física e mental; (3) APS é espaço privilegiado para identificação precoce; (4) Notificação compulsória (Lei 10.778/2003 - mulheres; ECA - crianças)
Sociedades Médicas
- População-alvo
- Mesma do MS, com ênfase em: gestantes (violência na gestação associada a prematuridade e baixo peso); crianças <5 anos (período crítico de desenvolvimento)
- Método
- SBMFC recomenda: abordagem centrada na pessoa, ambiente seguro e confidencial, evitar julgamento, oferecer apoio e encaminhamento
- Periodicidade
- Oportunístico
- Recomendação Detalhada
- SBMFC 2023 enfatiza: rastreamento de violência deve ser parte da consulta de rotina, não apenas quando há suspeita. Perguntar diretamente sobre violência não causa dano e aumenta identificação
Análise de Convergência
Convergência em indicação (rastreamento oportunístico). Divergência em método: não há questionário padronizado nacionalmente. Desafio: capacitação de profissionais para abordagem sensível e articulação com rede de proteção
Rastreamento de Depressão na Atenção Primária
Rastreamento oportunístico de transtorno depressivo maior em adultos na APS utilizando instrumentos validados (PHQ-2, PHQ-9). Recomendado por USPSTF e SBMFC, mas sem programa nacional formal no Brasil. Controvérsia sobre custo-efetividade do rastreamento universal.
Dados Epidemiológicos
- Incidência
- Prevalência-ano: 5,8% da população brasileira (VIGITEL 2023); ~12 milhões de pessoas
- Mortalidade
- Suicídio: ~14.000/ano no Brasil (2023); depressão é fator de risco principal
- Prevalência/Situação
- Depressão perinatal: 15-20% das gestantes/puérperas; Depressão geriátrica: 10-15% dos idosos
Fontes Epidemiológicas
Comparação: Rastreamento de Depressão na Atenção Primária
Sistema Único de Saúde
Protocolo Ministério da Saúde
- População-alvo
- Sem programa nacional formal. Rastreamento oportunístico recomendado em: gestantes e puérperas (depressão perinatal); idosos (depressão geriátrica); pacientes com doenças crônicas (DM, ICC, DPOC); história prévia de depressão
- Método
- PHQ-2 (2 perguntas) como triagem inicial; PHQ-9 (9 perguntas) se PHQ-2 positivo; Escala de Depressão Geriátrica (GDS-15) para idosos
- Periodicidade
- Oportunístico (não há recomendação de periodicidade)
- Cobertura Atual
- Não disponível
- Justificativa Técnica
- Contexto brasileiro: (1) Depressão é 3ª causa de anos vividos com incapacidade; (2) 60-70% dos casos não são diagnosticados; (3) Tratamento efetivo disponível na APS (fluoxetina, amitriptilina - RENAME); (4) Controvérsia: USPSTF recomenda rastreamento universal, mas evidência de benefício em contexto de baixa retaguarda (como SUS) é limitada
Sociedades Médicas
- População-alvo
- SBMFC recomenda rastreamento oportunístico em grupos de risco; ABP recomenda rastreamento mais amplo
- Método
- PHQ-2 → PHQ-9 (se positivo) → Avaliação clínica para diagnóstico
- Periodicidade
- Oportunístico; anual para grupos de alto risco
- Recomendação Detalhada
- SBMFC 2022 enfatiza: rastreamento só é útil se houver capacidade de tratamento na APS. Sem retaguarda de saúde mental, rastreamento pode gerar demanda sem resolução. Priorizar grupos de risco sobre rastreamento universal
Análise de Convergência
Divergência: USPSTF (EUA) recomenda rastreamento universal em adultos; Brasil (MS/SBMFC) recomenda rastreamento oportunístico em grupos de risco. Justificativa: diferença de contexto (acesso a tratamento, retaguarda de saúde mental)
Rastreamento de Glaucoma (NÃO Recomendado Universalmente)
Glaucoma é a principal causa de cegueira irreversível no mundo. Apesar da gravidade, o rastreamento populacional universal NÃO é recomendado pelo SUS, USPSTF ou CBO devido a custo-efetividade desfavorável. Recomenda-se avaliação oftalmológica oportunística em grupos de risco.
Dados Epidemiológicos
- Incidência
- Prevalência: 2-3% da população >40 anos; ~3 milhões de brasileiros
- Mortalidade
- Não causa morte direta
- Prevalência/Situação
- Principal causa de cegueira irreversível; 50% dos portadores desconhecem o diagnóstico; Afrodescendentes: risco 4-5x maior
Fontes Epidemiológicas
Comparação: Rastreamento de Glaucoma (NÃO Recomendado Universalmente)
Sistema Único de Saúde
Protocolo Ministério da Saúde
- População-alvo
- NÃO há rastreamento populacional universal. Avaliação oftalmológica oportunística recomendada para grupos de risco: >40 anos, afrodescendentes, história familiar de glaucoma, miopia alta, uso crônico de corticoides, diabéticos
- Método
- Tonometria (medida da pressão intraocular) + Fundoscopia (avaliação do disco óptico) + Campimetria (se suspeita)
- Periodicidade
- Oportunístico; a cada 2-4 anos para grupos de risco
- Cobertura Atual
- Não aplicável (não há programa de rastreamento)
- Justificativa Técnica
- NÃO recomendado universalmente porque: (1) Baixo valor preditivo positivo (muitos falsos-positivos); (2) Custo elevado de tonometria + campimetria para toda população; (3) Progressão lenta permite detecção oportunística; (4) USPSTF 2022: evidência insuficiente para recomendar rastreamento universal
Sociedades Médicas
- População-alvo
- CBO e SBG recomendam avaliação oftalmológica periódica para grupos de risco, não rastreamento universal
- Método
- Tonometria + Fundoscopia + Gonioscopia (se suspeita de ângulo fechado); OCT de camada de fibras nervosas (se disponível)
- Periodicidade
- Grupos de risco: a cada 2 anos (40-54 anos); anual (55-64 anos); anual (≥65 anos)
- Recomendação Detalhada
- CBO 2023 enfatiza: priorizar detecção em grupos de risco sobre rastreamento universal. Médico de família pode identificar fatores de risco e referenciar para avaliação oftalmológica
Análise de Convergência
Convergência: SUS, CBO, USPSTF e AAO concordam que rastreamento universal de glaucoma NÃO é recomendado. Avaliação oportunística em grupos de risco é a estratégia adequada
📚 Referências Principais (Q1+ SOTA)
Tuberculose e Hanseníase
- • Manual de Recomendações para Controle da Tuberculose (MS 2019)
- • Protocolo de Vigilância da ILTB (MS 2018)
- • Diretrizes para Vigilância da Hanseníase (MS 2016)
Doença de Chagas
- • II Consenso Brasileiro em Doença de Chagas 2015
- • PCDT Doença de Chagas (MS/CONITEC 2018)
Saúde Bucal e Violência
- • Política Nacional de Saúde Bucal - Brasil Sorridente (MS 2024)
- • Linha de Cuidado para Atenção em Situação de Violências (MS 2010)
- • VIVA: Instrutivo de Notificação de Violência (MS 2017)
Saúde Mental e Glaucoma
- • USPSTF - Screening for Depression 2023 (JAMA)
- • SBMFC - Protocolo de Depressão na APS 2022
- • USPSTF - Screening for Glaucoma 2022 (JAMA)
- • CBO - Consenso Brasileiro de Glaucoma 2023




